quinta-feira, 24 de maio de 2012

Convento Nossa Senhora do Bom Sucesso



Foi em 1628 que D. Iria de Brito, condessa de Atalaia, doou a quinta que possuía em Pedrouços para que aí se instituísse um recolhimento de monjas jerónimas, dedicado a Santa Paula.
Embora a vontade da doadora estivesse firmada em escritura, o dominicano irlandês Dominic O'Daly, conhecido em Portugal como frei Domingos do Rosário, obteve licença de Filipe III em 1639 para que no antigo solar da Condessa de Atalaia se fundasse um convento dominicano, destinado a acolher cerca de 50 religiosas irlandesas.

Fachada principal da Igreja do Colégio do Bom Sucesso


A primeira pedra do cenóbio, dedicado a Nossa Senhora do Bom Sucesso, foi lançada em 1645, desconhecendo-se a autoria do projecto do edifício. A igreja estava concluída no ano de 1670, quando foi transferido para o seu interior o Santíssimo Sacramento, e as obras do complexo conventual terminavam em 1688, com a construção dos dormitórios, executada pelo mestre pedreiro Manuel Cerqueira de Campos.
O convento manteve a traça seiscentista, uma vez que a estrutura pouco sofreu com o terramoto de 1755. Cercado por muro, com reentrância onde se inscreve o portão, o cenóbio possui um pátio que permite o acesso à casa conventual, disposta à esquerda, e à igreja, à direita.
O conjunto organiza-se em torno do claustro, com dois pisos, sendo o primeiro com arcada e o segundo com varanda, ao centro do qual se edificou uma fonte. O edifício conventual, que se agrega à quadra, possui um terceiro piso.
O templo desenvolve-se em planta octogonal, com contrafortes coroados por pináculos. O portal principal, de moldura rectangular ladeada por pináculos, é encimado por friso e nicho com a imagem da padroeira. No interior, destaca-se o retábulo com baldaquino, que integra um conjunto de pinturas a óleo atribuídas a Bento Coelho da Silveira. Nos seis panos laterais foram abertos arcos de volta perfeita que albergam altares de talha, encimados por pinturas com figuras de santos dominicanos.
O Convento pertencia à Ordem de São Domingos. Foi extinto por Decreto de 30 de Maio de 1834.
Foi instituído por D. Iria de Brito, condessa da Atalaya, de nacionalidade portuguesa, em 13 de Agosto de 1639, destinado a senhoras aristocratas da Irlanda com licença do rei de Portugal, bem como do arcebispo de Lisboa.
A condessa doou para esse efeito, a sua quinta em Belém, com igreja, casas, jardim, fazenda nobre, no valor de 54.000 cruzados, e ainda rendimentos para sustento das religiosas. Também doou os paramentos e alfaias para a igreja.
O Convento teve por padroeira a Virgem Santíssima, tendo a condessa o título de escrava da Senhora, em troca de habitar o mesmo com pessoas nobres do reino cristão da Irlanda que livremente quisessem consagrar-se.
A doadora impôs a condição dos maridos e filhos das religiosas serem sepultados na capela-mor, e a própria no chão a meio da capela. 

Altar-mor, Igreja do Bom Sucesso

Os tabeliães Francisco Coelho Moniz e Luís do Couto lavraram escritura a 3 de Abril de 1660.
Devido ao terramoto o arquivo destes notários desapareceu, e por petição do solicitador Manuel Ramos Pereira, representando a prioreza e mais religiosas, foi inscrito o traslado da mesma escritura ,nas notas do tabelião Isidoro Manuel de Passos Botelho e Alvim (1778).
Integra o requerimento de António José Rodrigues Leitão, e Isidoro Tomás Moura Carvalho directores da Companhia de Fiação e Tecidos Lisbonense, autos de avaliação de foros pertencentes ao Convento do Bom Sucesso, no concelho de Coruche, entre outros.
Contempla a cópia da planta do terreno a expropriar pela Câmara Municipal de Lisboa, assinada pelo engenheiro Director Geral Frederico Ressano Garcia, para o alargamento do Cemitério, situado no Alto da Ajuda (16 de Setembro de 1891), entre outros.
Contém documentos das comunidades do Bom Sucesso, Santa Brígida, Francesinhas, Irmandade dos Alemães, e da Irmandade Italiana do Loreto.
Inclui documentos sobre a necessidade de se inventariar o Convento de Santa Brígida do Mocambo, também denominado Inglesinhas, situado na calçada da Estrela, cuja prelada, inglesa invocava não estar sujeita à jurisdição do prelado diocesano.
Compreende documentação da Legação Britânica, dirigida ao Governo Português, sobre a pretensão da comunidade das Dominicanas Irlandesas, não quererem que os seus bens fossem desamortizados.

Em 1834, o cartório foi reclamado pela prioreza e mais religiosas que estavam sob proteção britânica, à rainha D. Maria II.
A rainha deferiu o pedido, mandou extinguir as comissões administrativas dos conventos das religiosas, e ordenou que o cartório fosse restituído à prelada das Religiosas Dominicanas do Convento.
Em 1860, já depois da extinção das ordens religiosas, o Convento da Senhora do Bom Sucesso, que ainda albergava uma considerável comunidade de freiras, passou a funcionar como colégio feminino, então circunscrito às descendentes de católicos irlandeses. O colégio mantém-se em funcionamento até aos dias de hoje, tendo sido alargada a actividade educativa a partir de 1955, quando as freiras cessaram o regime de clausura.


Conta-nos a obra de D. Antonio Caetano de Sousa "Provas da Historia genealogia da casa real portugueza, tiradas dos arquivos da torre do Tombo, da Serenissima Casa de Bragança, de diversas Cathedraes, Mosteiros deste Reyno" com data de 1745




Nossa Senhora do Bom Sucesso, Igreja de Nossa Senhora do Bom Sucesso

Claustro, Colégio do Bom Sucesso

S. Tomás de Aquino, Igreja do Bom Sucesso

Crucifixo do altar-mor , Igreja do Bom Sucesso

Altar de Nossa Senhora do Bom Sucesso, Igreja do Bom Sucesso

Altar lateral, Igreja do Bom Sucesso


Refeitório do Colégio do Bom Sucesso

Refeitório do Colégio do Bom Sucesso



Igreja do Convento de Nossa Senhora do Bom Sucesso, Lisboa Smith, Robert, 1912















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